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Gisela pede mais mobilização pelo fim à violência: 'são 37 mulheres mortas e 60 órfãos'

Ao fechar as discussões sobre o Agosto Lilás, a deputada Gisela Simona (União) lamentou que as discussões e rodas de conversa no combate à violência doméstica tivessem que ser pautadas em saldos tão estarrecedores como os assassinatos de 37 mulheres em Mato Grosso.

02/09/2025 às 12h12 Atualizada em 02/09/2025 às 12h19
Por: Redação Fonte: MARISA BATALHA
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Gisela pede mais mobilização pelo fim à violência: 'são 37 mulheres mortas e 60 órfãos'

"Saber que 37 vidas foram tragicamente interrompidas apenas pelo fato destas vítimas serem mulheres, que 60 meninas e meninos ficaram órfãos e que dezenas de famílias estão enlutadas, reforçam a urgência de fortalecer uma rede de proteção, sobretudo, de ampliar o acesso à informações e às alternativas para mulheres que ainda vivem em relações abusivas" afirmou.

A declaração da parlamentar foi dada no evento Força Lilás, sob sua coordenação no espaço Sebrae, dentro do Goiabeiras Shopping, neste final de semana. Quando reuniu mais de 150 mulheres de pelo menos 55 bairros de Cuiabá e Várzea Grande, em uma jornada de palestras, reflexões e depoimentos emocinantes. 

Para a parlamentar, líder da bancada feminina do União Brasil, na Câmara Federal e relatora do Pacote Antifeminicídio, lei desde  outubro de 2024, orquestrar o evento foi mais uma oportunidade de defender a vida, e criar um espaço de resistência após intensa jornada de debates, escutas e mobilizações em Mato Grosso. 

"Mais do que números, o Força Lilás deu rosto às estatísticas, transformando dor em coletividade. Reafirmando, sobretudo, que a luta contra a violência de gênero não se limita a um mês, mas deve ser compromisso diário de toda a sociedade [...] Aliás, é isto que tenho feito neste dois anos como deputada, em que levei à Câmara, histórias reais. Um tempo que, literalmente, venho expondo minha indignação com as vidas roubadas de milhares de mulheres assassinadas por seus ex-companheiros. De debater em plenário uma realidade brutal de meninas e mulheres estupradas, assediadas, agredidas e mortas, só pela fato de serem do gênero feminino. De discutir nas comissões e nas mais diversas mesas políticas, cada direito ameaçado, sem demagogia ou clichês. E, mesmo diante dos muros altos que a política às vezes ergue, conseguir abrir caminhos, muitas vezes às duras penas".

*Dados que escancaram a urgência da pauta*

Em 2024, o Brasil registrou um recorde de 1.492 feminicídios, o maior número desde a tipificação do crime em 2015 — o equivalente a quatro mulheres assassinadas por dia. 

Nesse cenário, mulheres negras representaram 63,6% das vítimas, enquanto 79,8% foram mortas por companheiros ou ex-companheiros, e 64,3% dos crimes ocorreram dentro de casa.

Nos casos de estupro, 2024 também quebrou recordes: foram 87.545 vítimas, uma média de 239 por dia, com 76,8% das vítimas menores de 14 anos, e 87,7% mulheres. 

Dentro deste dados, Mato Grosso aparece com quatro cidades - Sorriso, Tangará da Serra, Sinop e Cuiabá -, dentre os 50 municípios brasileiros onde ocorrem as maiores taxas de estupros. Comumente, os agressores são familiares: 45,5% das vítimas foram atacadas por parentes, e 65,7% dos estupros ocorreram na residência da vítima.

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