Mais um dia 20 de novembro, porém é o primeiro com feriado nacional.
Para mim soa como um minuto de silêncio por todos aqueles nossos ancestrais que tombaram, para que pudéssemos estar aqui, falando, celebrando e ainda tendo a paciência de ensinar a sociedade e a branquitude como ser antirracista. Eu, homem negro que superei as estimativas de vidas dos meninos negros que comigo conviveram, sou exceção!
Que bom seria se eu fosse a regra, a régua de uma estatística onde os meninos negros possam crescer, estudar, ter qualidade de vida e construir suas famílias, sem uma bala atravessar seu corpo antes dos 23 anos de idade.
Quantas mães estão chorando no dia de hoje, mães negras sobretudo. Essas mães que movimentam socio e economicamente o país se virando noite e dia para não deixar faltar arroz, feijão e educação que ela em geral não teve, para sobrevivendo nas lutas cotidianas ofertar aos filhos.
É dia de Consciência negra, mas ainda estamos engatinhando na concretude das politicas públicas.
Escute: Mas um tiro, o feriado que é repouso para uns sucumbi em dor as mães pretas do Brasil. Eii, chama a mãe: Filho documento, calçados, se pedirem para você parar, pare ! E mesmo seguindo o recado dado todos os dias ao sair, os meninos/ homens pretos tem o corpo alvejado, ora porque foi confundido na busca das faces por recurso tecnológico racista, ou simplesmente porque portava uma sombrinha para não tomar chuva, pegar resfriado, porque amanhã as 5 teria que estar na condução.
Mas a única condução que muitos meninos/homens pretos vivem, mesmo fazendo o que manda a cartilha racista, eles morrem, nem é de morte morrida! Pou, mais um tiro!
Esse artigo foi escrito inspirado em uma conversa com minha mentora, uma mulher negra, que também é mãe de um menino preto.
Silviane Ramos Lopes da Silva, que foi minha professora, minha referencia em gestão Pública para promoção da igualdade quando fui seu estagiário! Me fez Homem negro ao me descobri negro e quilombola. Foi a educação regida por uma mulher preta, em casa e na faculdade, as longas conversas que me trouxeram até aqui. Uma das poucas professoras doutoras negras que eu tive ( pensando aqui foi a única), e ela era tão quilombo que isso fez rebrotar em mim um sentir que eu nem sabia que tinha, mas era nato e estava lá.
Falei com ela, ela disse é amor de pertença. Ela ao contrário de muitas mães pretas, viu esse filho aqui segurar um canudo, e gritar bem agudo no dia da colação Resistência!!!
Gostaria que todos os meninos e meninas negras pudessem ter essa professora, essa oportunidade e esse caminho, é o meu desejo no dia de hoje e em todos os dias que nossos corpos continuam negros.
Viva Zumbi, e viva as mães negras do nosso Brasil!
Manoel Francisco Junior
Primavera, do primeiro ano de feriando nacional do 20 de novembro.
Mín. 23° Máx. 36°